Túmulo de Ozanam com o fresco do Bom Samaritano
Frederico Ozanam encontrava-se gravemente doente. Os médicos mandam-no então, para uma estância de repouso, junto dos Pirinéus. Os ares da montanha e a beleza do local casavam plenamente com a sua maneira de ser tão sensível e amante da poesia.
Contudo Ozanam não se sentia feliz. A inacção preocupava-o, tendo afirmado que: “… chego ao fim do dia, sem ter feito nada; esta ociosidade pesa-me como um remorso e parece-me que não mereço o pão que como, nem a cama em que me deito”.
Considerando que a estadia lhe havia proporcionado algumas melhoras, é autorizado a visitar Espanha, não tendo, porém passado de Burgos.O sonho de peregrinar até Santiago de Compostela não pôde ser realizado.
Ozanam deslocou-se depois a Itália, mais precisamente a Pisa, onde tem oportunidade de admirar os seus maravilhosos monumentos. Aí passa o Inverno, e tem oportunidade, embora proibido, de ler e de escrever, sendo seu refúgio preferido a biblioteca de Pisa.
Correndo alguns boatos desfavoráveis à Sociedade de S. Vicente de Paulo, apressa-se a esclarecer a Grã-Duquesa de Pisa que a Sociedade “nunca investigava sobre as opiniões políticas dos seus membros; bastava-lhes serem honestos e cristãos”.
A 23 de Abril de 1853, aniversário dos seus 40 anos, Ozanam, conformado com a sua situação, disponibiliza-se, com dócil humildade. “Se me chamais, Senhor; não tenho o direito de me queixar, vou”.
O resto das suas forças e dos dias gasta-os Ozanam a visitar as Conferências que pode, cumprindo o que chamava “as suas visitas pastorais”.
A saúde de Ozanam continua a degradar-se, progressivamente. Sente-se cansado. Pressente que tem pouco tempo para viver.
A 15 de Agosto mostrou vontade de comungar. Pormenor comovente: recebeu Cristo das mãos dum padre que, também gravemente enfermo, se fizera transportar à Igreja, quando soube, antes da missa, que Ozanam iria comungar, e este padre dava-lhe a Hóstia pela última vez.
Ozanam passou a ocupar-se somente das coisas do céu.
“Se alguma coisa me consola, confidencia à esposa, ao deixar este mundo, sem ter acabado o que desejei e empreendi, é que nunca trabalhei pelo louvor dos homens, mas unicamente para servir a verdade”.
À notícia do seu regresso a França é carinhosamente saudado pelos amigos italianos e confrades da Sociedade que dele se vão despedir.
Chegado a Marselha, estava tão fraco que só a família o velava. A 8 de Setembro de 1853, na noite da Natividade da Santíssima Virgem, estavam junto dele a esposa, seus irmãos e alguns parentes.
Num quarto, ao lado, os confrades da Sociedade de S. Vicente de Paulo rezavam em silêncio. De repente, ecoou a sua voz, estranhamente forte: “Meu Deus, tende piedade de mim”.
Depois foi o silêncio. Uma hora mais tarde, Ozanam morria.