A Serra da Costa Grande invade o território de Vilarinho, freguesia de Espinhosela, concelho de Bragança. Nas suas faldas cruzaram-se muitas vezes a Guarda-fiscal e os contrabandistas que lutavam por uma vida melhor e por elas passaram muitos homens e mulheres "a salto", "sem papéis" que procuravam novos mundos e melhores condições de vida.
A seus pés, corre, por entre desfiladeiros apertados, o rio Baceiro que irriga os lameiros adjacentes e os terrenos, outrora, férteis e que eram estrumados com esterco trazido dos currais ou pelos detritos das ovelhas que aí permaneciam semanas a fio, e onde se cultivavam a batata, o milho etc. e que eram o celeiro dos habitantes de Vilarinho.
Nas suas águas límpidas como gostava de pescar trutas o meu saudoso pai!
Na minha memória parece-me ainda ouvir o belo e dolente “chiar” dos carros de bois que, penosamente, subiam as sinuosas e íngremes curvas do caminho, carrejando batatas, feno, centeio e pedra para a construção de casas.
No seu dorso, juntamente com o meu pai, e alguns dos meus irmãos, a quem quero homenagear com o título escolhido, plantámos pinheiros ao serviço “da Floresta”.
Estávamos na década de 60. Havia deixado o Seminário das Missões em Tomar. Eram tempos difíceis e de penúria. A família era grande: pais e seis irmãos. A noite era a nossa companhia. O uivar dos lobos e das raposas, o nosso divertimento.
Felizmente, a vida, graças a Deus e fruto de muito trabalho e sacrifícios, foi-se modificando para melhor.
Bragança,Lumege e Luanda em Angola, Porto, Mem Martins e S. Domingos de Rana são ou foram paragens da vida onde estiveram ou ainda estão os meus afectos.