(Foto Wikipédia)
O tempo está quente
E a mãe cigarra, pressurosa,
Põe os ovos de amor,
Ao sopé do castanheiro.
E, lentamente, sem se virar,
Afasta-se, determinada,
Para morrer,
Ouvindo o murmúrio das águas
Que saltitam no ribeiro.
Então, nova vida eclodiu.
A ninfa, caída no chão,
A terra perfurou,
Vivendo, longo período,
Na solidão.
A cigarra cresceu,
Amadureceu e um dia despontou.
Um longo caminho percorreu,
Até se sentir na Natureza
Uma rainha
Rodeada de sol e beleza.
Durante o dia canta,
Feliz, independente,
Indiferente ao tempo que passa.
Importante é o presente.
E cantava … cantava.
O Estio folgazão
Depressa se esfumou.
E, no horizonte, um manto de nuvens,
Foi crescendo, enovelando,
Entristecendo.
Grossas pingas de chuva caíram.
Era Outono.
E a cigarra cantava.
Sua voz era triste e melancólica,
Prenúncio do Inverno
Que ao longe espreitava.