Fixaram meus olhos a alegria estampada no rosto das crianças que, no mês de Maio de 2002, receberam pela 1ª vez, Jesus na Sagrada Eucaristia.
A sua inocência e pureza, a suave doçura do seu olhar, a gostosa sensação da novidade, nenhuma objectiva pode registar.
Resta captar tais momentos, interiorizá-los e procurar compartilhar, intimamente, dos seus sentimentos.
E, no meio da sua natural euforia e agitação, eu reencontrei-me. A saudade fez-se presente, e, no meu silêncio, revi e revivi a minha primeira comunhão.
Ao pensamento, afluíram ternas recordações.
A minha aldeia, embelezada pela Natureza e aquecida por um sol radioso.
O odor intenso do incenso. O agradável perfume que pairava na Igreja. A preocupação da minha falecida mãe. As palavras carinhosas e ternas de meu falecido pai.
A simplicidade do meu trajar. A admiração dos irmãos mais novos. A austeridade do jejum. A emoção do primeiro contacto com Jesus.
As juras eternas de amor. Um rio transbordante de ternura.
A leveza com que, saltitante, percorri os carreiros que serpenteiam por entre as hortas e os campos semeados de batatas, cebolas e pimentos, aquando do regresso a casa.
A névoa do tempo, começa a obscurecer esses registos da meninice.
O filme acabou. Regresso.
No meu silêncio, saboreio esses tempos que me marcaram indelevelmente, que recordo com saudade, e que, um dia, também hão-de ser revisitados por essas crianças da 1ª comunhão.
Um travo de tristeza e angústia vem, porém, dissipar essa felicidade, por não ter sempre conservado, ao longo da vida, a alegria e a paz do primeiro encontro com Jesus.
No silêncio … eu escuto-O. Apesar das minhas traições, nunca me abandonou. Nunca mais O quero perder.