Amanheceu calmosa, a manhã deste dia de fins de Junho de 2002.
Ao longe, nuvens prenunciadoras de trovoada, encobrem os céus que a canícula torna opacas.
Uma paz a resvalar para uma inquietante e aparente acalmia, envolve-me, e, em vez de sossego, tranquilidade, sinto um perturbador stress que desgasta e me torna apático.
Ao pensamento, custa abstrair-se dessa materialidade que me absorve e consome.
Paulatinamente, o meu pensamento foge para Vós, Senhor. Onde estais? Que fazer a esta minha ansiedade?
O silêncio é total.
Na minha memória, ecoam as palavras de Santo Agostinho: “O Senhor fugiu dos nossos olhos para que entremos no coração e aí O encontremos”.
Deixo, por um momento, as minhas preocupações, e entro, por um instante em mim próprio, afastando-me do tumulto dos meus pensamentos confusos e procuro-O no meu silêncio e isolamento.
Eu sei que Ele está em toda a parte. Parecendo ausente, mas sempre presente. Escondido e esquecido no Sacrário daquela aldeia encravada na serra, tudo providenciando para que ao homem nada falte.
Esta certeza reconforta-me. O meu coração continua a bater, mas é um bater diferente.
Estou simplesmente diante de Ti, Senhor.