Os tempos correm céleres, marcados pela violência, pelas catástrofes, pelos acidentes, por notícias de corrupção e imoralidade.
O homem sente-se aprisionado nesta sociedade carente de valores, onde parece que o crime compensa, altamente competitiva e em que pontifica o ter e o parecer.
Certezas, apenas a de que um dia seremos julgados pelo que tivermos sido, pelo que fizemos, e, sobretudo por aquilo que, por snobismo ou indiferença, tivermos omitido.
Vivendo na margem de nós mesmos, temos receio de nos auto-confrontar com aquilo que verdadeiramente somos.
Pensamos que somos livres, quando na prática a nossa liberdade é fictícia, já que se trata duma liberdade de aderir ao modelo uniforme imposto pela publicidade, pela moda, pela televisão.
Pensamos que somos auto suficientes, quando na verdade e na hora menos pensada, precisamos do apoio dos outros.
É urgente, pois, um novo tipo de relacionamento humano, em que o homem se liberte do seu individualismo, que não tenha medo de viver plena e integralmente, que não receie os outros seres humanos, seus irmãos nesta caminhada terrena, mas que os respeite e veja neles Cristo Vivo, nosso apoio que nunca falha.
Nesta amálgama de pensamentos, faço silêncio dentro de mim e recordo aquele sonho, de todos conhecido e que não resisto a reproduzir, intitulado “ Pegadas na areia”:
Sonhei que estava caminhando na praia juntamente com Deus. E revi, espelhados no céu, todos os dias da minha vida passada. E em cada dia vivido, apareciam na areia, duas pegadas: as minhas e as d´Ele.
No entanto, de quando em quando, vi que havia apenas umas pegadas, e isso precisamente nos dias mais difíceis da minha vida.
Então perguntei a Deus: “Senhor, eu quis viver contigo, e Tu prometeste ficar sempre comigo. Porque me deixaste sozinho, logo nos momentos mais difíceis?”
Ao que Ele respondeu: “Meu filho, sabes que Eu te amo e que nunca te abandonei. Os dias em que viste só umas pegadas na areia são precisamente aqueles em que Eu te levei nos meus braços”.