É o mês de Março, um mês liturgicamente rico e importante na caminhada dos cristãos para a celebração da Páscoa, a sua principal festa.
Inicia-se com o oitavo domingo do Tempo Comum, no qual S. Paulo afirma “a honra de estar ao serviço da Boa Nova” e recorda-nos que as capacidades individuais vêm de Deus e que, por isso, as devemos colocar ao seu serviço (2 Cor 5 e 8).
No dia 5, dia de jejum e abstinência, inicia-se uma nova etapa no calendário litúrgico da Igreja, com a celebração de Cinzas e o início da Quaresma.
As cinzas evidenciam a nossa fragilidade e transitoriedade. O que começa acaba. É uma lei infalível. Um dia apagamo-nos como as velas.
Durante o Tempo Santo da Quaresma, o nosso espírito acompanha “Jesus guiado pelo Espírito Santo para o deserto onde foi tentado por Satanás). (Mc 12)
É o tempo propício para preparar o dia do Senhor que pode ser agora, de mudar o coração e as atitudes.
É tempo de renúncia, de oração, de vencer as tentações que no dia a dia nos assaltam: a ambição desmedida, o culto excessivo do material em detrimento do espiritual, o atropelo e espezinhar dos direitos dos outros, a imoralidade e frivolidade …
Para nos ajudar a vencer as agruras da vida, o desencanto ou o desalento, a liturgia propõe-nos no dia 19, a celebração da solenidade de S. José, modelo de virtude, de obediência, a humildade elevada à potência máxima.
Ao celebrar S. José, o pensamento voa para o pai terreno, âncora de salvação sempre disponível.
Se ainda vivo, é uma óptima ocasião para agradecer ao Senhor e pedir que lhe dê longa vida.
Se Deus já no-lo levou, resta a saudade e do coração eleva-se uma prece fervorosa a Deus Pai de Misericórdia para que lhe dê o eterno descanso.
No dia 25, celebra-se uma outra solenidade: a Anunciação do Senhor.
Os desígnios de Deus a nosso respeito são insondáveis.
Que o diga a jovem Maria de Nazaré, escolhida entre tantas jovens do seu tempo, pelo Altíssimo, para ser a mãe de Jesus, o Filho de Deus.
Maria perturba-se. O que é que isto quer dizer? Como é que isso pode ser?
Apesar dos seus receios e preocupações, Maria confia e oferece ao Senhor a sua total disponibilidade.
É o abandono total nas mãos de Deus para quem nada é impossível.
Também a nós, por vezes, custa entender e aceitar aquilo que acontece ao longo da vida.
Fruto da nossa fragilidade humana, facilmente caímos no desânimo e não conseguimos discernir que Deus nos está a pôr à prova.
É nesses momentos que devemos ser fortes e como Maria dizer: “Servirei o Senhor como Ele quiser”. (Lc 1, 38)
Termina o mês com o 4º domingo da Quaresma.
“Deus que é rico em misericórdia mostrou por nós um grande amor. Ele deu-nos a vida por meio de Jesus Cristo. Deus ressuscitou-nos juntamente com Cristo Jesus e com ele nos fez tomar parte no seu Reino glorioso”. (Ef 2, 4-6)
Já se vislumbram os acordes da Ressurreição.
Há mudança da hora legal. É também hora de mudança espiritual. Da passagem da morte para a vida.
Oxalá assim o queiramos.