É no mês de Março que acontece, neste ano, o apogeu celebrativo da nossa fé. É, pois, um mês pleno de espiritualidade.
Saídos do período quaresmal mais fortalecidos, mercê duma oração pessoal e comunitária mais intensa; purificados das nossas imperfeições pela misericórdia do Senhor; conscientes da nossa condição de «filhos da luz, no Senhor» empenhados na prática redobrada da caridade, especialmente, em prol dos mais desfavorecidos, eis-nos preparados para iniciar a celebração dos últimos acontecimentos do memorial da nossa salvação: a Semana Santa.
No Domingos de Ramos, evocamos a chegada alegre e triunfante de Jesus a Jerusalém para a celebração da Páscoa judaica. Sabendo antecipadamente que este dia seria o início da sua caminhada para a morte, Jesus aceita a vontade do Pai que respeita até às últimas consequências.
Tal não impede Jesus de cumprir o que fora anunciado pelo profeta: entrar em Jerusalém montado num jumento, símbolo da humildade e da paz, ser aclamado em altos brados com hossanas, que posteriormente se hão-de transformar em traição e gritos de ódio e de condenação à morte.
Chegados a Quinta-feira Santa, recordamos emocionados a Ceia do Senhor, o dia em que Jesus quis ficar connosco até ao fim dos tempos, instituindo a Sagrada Eucaristia e o sacerdócio ministerial. Dia em que Jesus, lavando os pés aos discípulos, lhes dá o exemplo para que também eles o façam uns aos outros.
Com este gesto de humildade, de caridade, de igualdade, Jesus convida-nos a imitar o seu exemplo durante a nossa vida.
Neste dia que era o último, «Jesus perturbou-se interiormente ao anunciar-lhes «que um de vós me há-de entregar».
Os discípulos, atónitos, não perceberam o gesto e as palavras de Jesus dirigidas a Judas.
Como o seu coração deve ter sangrado de dor ao dar-lhe «o bocado de pão ensopado».
Após este episódio intenso e dramático, Jesus despede-se dos discípulos com palavras de ânimo e de consolo e dá-lhes um mandamento novo «que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei».
Na Sexta-feira Santa, dia da Paixão e Morte do Senhor, intimamente emocionados, sentimo-nos angustiados pela dor e sofrimento por que passou o nosso Deus.
No nosso coração, contudo, perpassam também, e, sobretudo, sentimentos de esperança e de gratidão, pois pela Cruz de Cristo e Sua morte nos veio a salvação.
Sábado Santo – Vigília Pascal. É o dia do grande Silêncio. Dia de ansiedade, dia de acreditar.
Chegados por fim à Páscoa da Ressurreição do Senhor, ao dia da Libertação, uma explosão de alegria invade os nossos corações. Paz, Vida, Luz, Aleluia, porque o nosso Deus vive e um dia, nós próprios, havemos de ressuscitar como Ele. Hoje é verdadeiro Dia do Senhor. A Festa das Festas. O Senhor Jesus está vivo! Ressuscitou!
Sabemo-lO vivo, pela fé, pois acreditamos no testemunho dos discípulos; sentimo-lO vivo porque O amamos e sabemos que o nosso Deus é Amor, um Deus Fiel e Verdadeiro; vemo-lO ressuscitado olhando para o rosto de cada um dos nossos irmãos.
Aleluia! Cristo é a nossa Páscoa. Nós sabemos, sentimos e vemos que Ele está vivo. Não há morte que O amordace, não há túmulo que encerre o nosso Deus! Aleluia!
Revigorados pela alegria pascal, caminhemos confiantes pois Ele nunca nos abandona.
Uma Santa Páscoa para todos.