A parábola do fariseu e do cobrador de impostos foi dita por Jesus «a respeito de alguns que confiavam muito em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os demais». (Lc 18,9)
A atitude do fariseu, cumpridor escrupuloso de inúmeros preceitos e orgulhoso do seu comportamento, contrasta com a humildade do cobrador de impostos que, perante Deus, não encontra outras palavras e atitudes senão, a de se declarar pecador, e de cabisbaixo, bater no peito pedindo clemência.
Um, julga-se santo diante de Deus, devido às suas boas obras e não à misericórdia de Deus.
Com a sua atitude, o fariseu parece não precisar de Deus para alcançar a santidade, bastando-lhe as suas obras, sinais do seu mérito e garantia automática de salvação, quando elas mais não são do que um dom de Deus.
Diz S. Paulo: «Ele chamou-nos, por santo chamamento, não em atenção às nossas obras, mas segundo o seu próprio desígnio e a graça a nós concedida em Cristo Jesus». (2 Tm 1, 9)
O outro apresenta-se tal como se sente: vazio de si mesmo, colocando nas mãos de Deus o seu presente de pecado e o seu futuro, de coração aberto à graça e ao perdão divinos.
As nossas boas obras, quando atribuídas e relacionadas com Deus, quando não são regateadas e negociadas, quando a graça de Deus as influencia, contribuem para que «a fé se torne perfeita e o homem seja justificado». (Tg 3, 22,24)
Orgulho, auto justificação, sentimentos de superioridade e egocentrismo, são os pecados do fariseu que acha Deus desnecessário.
Por seu lado, o cobrador de impostos, pecador público, assume atitudes de humildade, de despojamento. Deus, para si, está acima de todas as coisas, sente-se um zero diante dele e não se mete na vida do vizinho que ora a seu lado no templo.
Dois personagens e atitudes diferentes. Dois filhos do mesmo Deus. Com qual deles nos identificamos, nós cristãos? Como rezamos a Deus? Como nos comportamos nas relações sociais? Como vemos o Cristianismo?
A coerência de vida com a fé professada, obriga-nos a reflectir, de vez em quando, nestas questões, para evitar perdermos o rumo certo.
Acolher a Jesus e a sua Palavra é, pois, o único caminho de salvação.