(Monte Tabor)
A Liturgia do dia 6 de Agosto, 18º Domingo do tempo comum, propõe-nos como reflexão, a Transfiguração do Senhor.
Um dia, Jesus, tomando consigo Pedro, João e Tiago, levou-os sozinhos, para um lugar retirado, sobre uma alta montanha que, segundo a tradição, é o monte Tabor, na Galileia, próximo do lago Genesaré.
Ali transfigurou-se diante deles. No dizer do Apóstolo S. Marcos “as suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que lavadeira alguma sobre a terra as poderia branquear assim”.
Apareceu-lhes Elias, juntamente com Moisés, e ambos falavam com Ele.
Pedro, tomando a palavra, diz a Jesus: Mestre, bom é estarmos aqui: façamos três tendas; uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias.
Formou-se então uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e da nuvem fez-se ouvir uma voz: “Este é o Meu Filho muito amado. Ouvi-O”.
De repente, olhando em redor, já não viram ninguém, a não ser Jesus, só, com eles.
Ao descerem do monte ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto…” (Mc 9, 2-9).
Acompanhemos os discípulos nesta caminhada. Subamos ao monte, carregando as nossas preocupações, os nossos fracassos e as angústias do dia a dia.
A interrogação acerca da incerteza do que possa vir a acontecer, tal como, por certo, assaltou o espírito dos Apóstolos, também nos invade.
No entanto, o facto de termos sido escolhidos, constitui alento para a íngreme caminhada e, sendo sinal de predilecção, impulsiona-nos e predispõe-nos para melhor compreender e aceitar o mundo actual, para sabermos interpretar os sinais dos tempos, tempos conturbados, onde a fome, as doenças incuráveis, as guerras e as catástrofes naturais desafiam a solidez da nossa fé.
Chegados ao cume do monte, temos o privilégio de viver a maravilhosa experiência da revelação de Deus Pai e do Seu amado Filho, na nuvem do Espírito Santo que, desde o baptismo, nos cobre.
Esta experiência só é possível, porque ao longo da caminhada, embora cansados, conseguimos seguir sempre em frente. Tropeçamos, mas com a misericórdia de Deus, fomos capazes de nos levantar e afirmar, com entusiasmo e convicção, a todos aqueles com quem a história da nossa vida pessoal se cruza, mostrando que vale a pena seguir a Cristo, – “Senhor, é bom estarmos aqui”.
Esta felicidade, que a vida da graça permite saborear, faz-nos esquecer os nossos problemas, para vivermos em função dos outros e para os outros, como os Apóstolos, que não se preocuparam em fazer uma tenda para eles.
É hora de descer do monte. A sociedade em que vivemos, minada pelo consumismo e por uma onda de ateísmo que endurece os corações, acena com formas de vida fácil, onde pontificam o egoísmo, o prazer, a banalização do quotidiano, o desrespeito pelos outros e em que o “parecer”, é mais importante que o “ser”.
Porém, tal como os discípulos, também os cristãos de hoje, que sentem, no dia a dia, dificuldade em afirmar a sua fé, de coração transfigurado pela força da Santíssima Trindade, não devem sucumbir ao desânimo e à tibieza que, por vezes, nos invadem.
Este Ano Jubilar em que nos encontramos, é altura propícia para caminhar e viver a nossa fé, com entusiasmo, procurando dar sentido a esta vida efémera, rumo à Cidade Eterna.