Celebra a Igreja no dia 28 do corrente, a festa de Santo Agostinho, Bispo de Hipona (354-430).
Depois de uma mocidade agitada, o filho de Santa Mónica, foi atraído à vida religiosa pelas prédicas de Santo Ambrósio, chegando a ser o mais célebre dos Padres da Igreja latina.
As suas obras principais são: A Cidade de Deus, O Tratado da Graça e as Confissões.
Como refere o Padre António Vieira, “Agostinho, no livro das Confissões, pôs as erratas da vida”, louvou a Deus e exaltou a infinita misericórdia do Senhor, após O ter encontrado. “Sois grande Senhor, e infinitamente digno de ser louvado. É grande o Vosso poder, e incomensurável a Vossa sabedoria”.
O homem “fragmentozinho de criança”, sente-se, por vezes, perdido, desnorteado, insatisfeito consigo mesmo e com os outros. O seu dia a dia é vivido de forma amorfa, sem qualquer vislumbre de espiritualidade.
A descrença assenta arraiais. O bem-estar material, o poder e o dinheiro não conseguem tornar a vida mais suportável. Quem não crê em Deus, chega a odiar a própria existência.
Que falta, então, para que haja felicidade? Que calafrio é este que perpassa pelo corpo e invade o íntimo do homem? A resposta está no Senhor.
Como Santo Agostinho, é preciso direccionar a bússola da existência para Deus: “Existiria eu se não estivesse em Vós, de Quem, por Quem e em Quem todas as coisas subsistem? Para onde Vos hei-de chamar, se existo em Vós?”
Esta certeza de que Deus está no homem e o homem em Deus é uma força impulsionadora para O descobrir, para O aceitar, como fim último desta vida transitória que passa velozmente, rumo ao além. “Quem me dera repousar em Vós! Quem me dera que viésseis ao meu coração e o inebriásseis com a Vossa presença para me esquecer de meus males e me abraçar Convosco, meu único bem!”
Para que tal aconteça é necessário o reconhecimento do pecado, um arrependimento sincero, rezar para não voltar a cair, um firme propósito de, dia a dia, avançar, cada vez mais, na perfeição e ter a coragem de rapidamente recuperar, quando tropeçando, houver uma caída.
Invocar o Senhor, o Senhor que se entristece e alegra com o filho pródigo, o Senhor da misericórdia e do perdão, é um acto de amor filial, de disponibilidade e de aceitação.
Como Santo Agostinho, digamos: “Não me escondais o rosto. Que eu morra para O contemplar, a fim de não morrer eternamente! A minha alma é estreita habitação para Vos receber; dilatai-a, Senhor. Ameaça ruína, restaurai-a. Tem manchas que ferem o Vosso olhar. Eu o reconheço e confesso”.