Transportemos o nosso pensamento para a Galileia e, mais concretamente, para a cidade de Nazaré, ao lar da Sagrada Família.
Sendo aparentemente uma família igual à do seu e nosso tempo, é contudo, por especial eleição divina, modelo para todos os cristãos.
Maria, que se “perturba” aquando do anúncio pelo anjo Gabriel de que conceberia e daria à luz o filho do Altíssimo, obedece à vontade de Deus.
Reconhecendo a sua fragilidade e receio perante tamanho desígnio, não hesita e manifesta uma disponibilidade total, tornando-se “escrava do Senhor”.
Maria, jovem mãe, concebendo em seu seio Aquele cujo “reinado não terá fim”, não se envaidece perante as suas vizinhas e amigas, mas, antes, na sua humildade, glorifica ao Senhor.
S. José é o marido e pai incansável, que trabalha de sol a sol para o sustento do lar, o homem justo que se preocupa com o bom-nome da família e com o seu bem-estar.
O seu respeito por Maria, o saber estar, discreto, mas sempre presente, o braço amigo que acaricia, conforta e auxilia, são atributos, que fazem de S. José o modelo ideal para todo o pai e marido.
E que dizer de Jesus Menino? Apenas que lhes “era submisso” e que “crescia em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens”.
É esta Sagrada Família que celebramos no último dia deste ano jubilar 2000, dia especialmente escolhido pela diocese para o Jubileu das Famílias.
Melhor motivação não podia haver. A época é propícia à renovação do compromisso assumido no casamento, propícia a uma reflexão acerca do “modus vivendi familiar”, à revitalização das relações familiares.
Vivendo numa sociedade onde as relações entre as pessoas são muitas vezes de anonimato, de rivalidade e de egoísmo, é a família aquele oásis, onde se goza o calor humano que alimenta e faz florescer a felicidade.
A saúde relacional de um povo e também da Igreja depende da vitalidade que reina na mais pequena célula da sociedade e da Igreja, que é o lar familiar.
Se aí existe respeito mútuo e forem cultivados os valores da fraternidade, da justiça, da paz, da partilha, da simplicidade, da verdade e responsabilidade, a sociedade ficará mais enriquecida e humanizada, e as relações interpessoais mais facilitadas.
Se na família há amor, este transbordará e inundará os corações de todos aqueles cuja história pessoal com ela se cruzar, e é sinal de que aí habita Deus.
Neste fim de Ano Jubilar, roguemos ao Senhor que fortaleça a nossa família, que o Espírito Santo a transforme em verdadeira “igreja doméstica” e que o terceiro milénio que se avizinha, traga a todas as famílias do mundo, paz, prosperidade e as maiores felicidades em Cristo Senhor.