Abro o Notícias
Da última quinta-feira
De Outubro, mês soalheiro,
Prazenteiro,
Verdadeiramente outonal.
Orçamento, ruptura, negociações,
Assaltos à mão armada,
Idosos maltratados
Mantidos em cativeiro,
Corrupção descarada,
Desfalque de milhões,
Fazem a capa do jornal.
Funcionário camarário
“De reconhecida bondade,
Trabalhador discreto, mas eficaz,
Competente e disponível”,
Desaparecido, há uma semana,
Encontrado morto num pinhal.
A família, até ao momento,
Remeteu-se ao silêncio, diz-se.
Silêncio forçado? Consentido?
Comprometido?
Na vizinhança,
Espantada pelo acontecimento,
Cresce a onda de incredulidade.
Crime, suicídio? Qual a verdade?
É este o tempo. O nosso tempo.
O tempo do meu País.
Sem tempo para a esperança.
Pouco tempo para ser feliz.