Sexta-feira.
Vinte e cinco de maio.
Os telejornais
Mostraram ao mundo
Imagens de horror
E relataram
Uma insuportável história
De repressão e dor.
Mais de cem pessoas,
Quarenta e nove delas
Crianças indefesas,
Foram selvaticamente
Assassinadas,
Pela brutalidade dum regime
Cego, surdo e mudo
Aos anseios de liberdade
Do seu povo sofredor.
Crianças de Al Houla
Cidade mártir da Síria
A quem foi roubado
O sonho e a esperança:
O vosso sangue derramado
Talvez não ponha fim
À complacência,
À impotência
Dum mundo insensível
À dor e sofrimento.
Mundo dominado
Por interesses económicos
Pela usura e ganância,
Mundo sem coração
Que não respeita
A vida humana,
Patético espectador
Da” banalidade” da morte,
Complacente com o agressor,
Agressivo
Com os deserdados da sorte.
O vosso sangue derramado
Pode não ser suficiente
Para mudar o rumo da história.
É contudo grito ensurdecedor
Seiva de esperança
Que clama justiça
E não vingança.
E um dia a Síria renascerá
E de terra queimada
Em campo de odoríferos jasmins
Se transformará.