É dezembro,
Mês de espera e celebração
Do nascimento de Jesus.
Por isso, não há notícias
De corrupção,
Não se fala de enriquecimento,
De branqueamento,
De violência, de pobreza,
De famílias endividadas,
Desempregadas
“à espera de Godot”.
Fala-se de amor, de saudade
De paz e esperança
De vidas com dignidade.
A chuva cai
E o vento assobia.
As famílias de Portugal
Não têm frio, nem fome.
Sentadas à mesa,
Emocionadas,
Transbordando amor,
Saboreiam despreocupadas
A ceia de Natal.
Acordo, sobressaltado.
Já é dia
E espreito pela janela.
A chuva cai
E o vento agreste assobia.